Somente em 2023, mais de 200 internações já foram feitas no país por acidentes envolvendo fogos em datas comemorativas. Especialista diz que falta de atenção pode gerar ferimentos e até amputações
Os fogos de artifício podem apresentar sérios perigos quando são manuseados de forma inadequada. Segundo o Ministério da Saúde, de 2019 a 2022 o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 1.548 internações por ferimentos causados pelo mau uso dos artefatos explosivos. Em 2023, um levantamento preliminar aponta que de janeiro a setembro, 266 internações já foram realizadas devido a acidentes com o mesmo perfil.
Além de graves queimaduras, a falta de atenção ao soltar os fogos pode provocar lesões irreparáveis, como a necessidade de amputação de membros. Por isso, uma das principais recomendações é que as pessoas evitem segurar os fogos diretamente nas mãos, parte do corpo que costuma ser a mais impactada quando ocorrem as explosões inesperadas.
De acordo com o cirurgião e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão (SBCM), Rui Barros, é preciso conhecer os perigos dos fogos de artifício antes de sair usando sem as devidas orientações. “Manipular algo explosivo é sempre muito perigoso, principalmente aqueles caseiros. Por isso, é preciso ter toda informação necessária sobre o funcionamento. Como existem inúmeros tipos e modelos, cada um tem suas especificidades e regras de segurança que devem ser seguidas arrisca”, lembra.
O cirurgião também destaca a gravidade que os acidentes podem causar. “Dependendo da potência do artefato, as lesões podem ser bastantes serias. Não somente para quem está segurando, mas também para as pessoas que estão próximas. Os casos mais comuns são de ferimentos nas mãos, mas também há vítimas que perdem até o nariz, devido à proximidade com os explosivos”, conta.
O médico explica que a mão é uma estrutura complexa e que destaca o ser humano de todos os outros mamíferos. Quando danificada dessa forma tão grave é quase impossível recuperá-la totalmente. “São as mãos que realizam as necessidades do cérebro como se alimentar ou ingerir água. Fora que é um membro ultrassensível que permite até que as pessoas enxerguem. Então, ter essa parte do corpo mutilada traz danos irreversíveis para toda uma vida”, ressalta.