No Pará, as empresas do segmento privado dominam o quantitativo de contratação de jovens, tendo 683.122 deles atuando, cerca de 57,7% do total. Em seguida, os que trabalham por conta própria ou no mercado informal somam 245.707, 20,8% da faixa etária. A autarquia usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/Continua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao 4º trimestre do ano passado – período que vai de outubro até dezembro de 2022 – para a pesquisa, que identificou, ainda, que a falta de oportunidades é comum entre a população.
Jovens estão presentes na maioria das vagas
Katiussya Paixão, analista de Recursos Humanos, afirma que, atualmente, os jovens são a maioria dentro do mercado. Para ela, investimentos pessoais – como pagar a faculdade – e descoberta das profissões são os grandes motivos que têm os impulsionado a trabalhar. Além disso, a base escolar em que cada uma dessas pessoas está inserida é importante fator para direcionar a área de atuação. “Isso é muito bem dividido, no meu ponto de vista. Aquele jovem que tem uma base sólida, em que ele não precisa escolher entre trabalhar e estudar, ele entra dominando as áreas mais bem vistas, como o de tecnologia e saúde”.
“Aquele que não teve essa base de bons estudos, teve estudos precários, já tendo que sair do ensino médio para trabalhar ou mesmo no ensino médio já trabalhava, têm dificuldades de conciliar. Ele já atua em ramos de vendas, auxiliar, que não exigem uma formação acadêmica muito elevada. Porém, eles se submetem a alguns cargos que pagam um pouco menos, exigem muito esforço braçal e tem uma carga horária mais pesada. O mercado de trabalho é amplo, mas é muito seletivo: se você tem muito a oferecer, você tem um lugar com um pouco mais de privilégio”, continua Katiussya.
Falta de conhecimento prático é um dos maiores desafios, destaca especialista
A analista explica que a configuração das empresas locais que, mesmo atuando há um bom tempo, continuam sendo de pequeno porte, não contribuindo tanto para que as oportunidades de crescimento dos jovens sejam compatíveis com a necessidade. “Um dos maiores desafios deles no mercado de trabalho, obviamente, é a falta de vivência no setor. Na nossa região, temos empresas pequenas com dificuldades para dar suporte de treinamento a um novo colaborador, para que ele seja treinado com um bom tempo, receba atenção diária do que precisa e do que não precisa ser feito”, destaca.
Isso faz com que as empresas optem por quem vá oferecer menos trabalho para executar uma determinada tarefa. “Eu vejo várias pessoas se inscreverem para vagas que eles acham que são 100% capazes, mas, na prática, eles já não conseguem exercer essa atividade… Então, o maior desafio é não ter a experiência, não ter jogo de cintura para resolver algumas situações e isso impede que ele seja selecionado. Só que é um jovem que está com todo gás e a empresa tem que ter esse olhar de que ele quer muito entrar no mercado de trabalho, que ajudar a família, pagar um curso, quer investir em si”, pondera Katiussya.
Prática na educação de base faz parte da solução
Katiussya ressalta que dar uma boa base técnica para os alunos dentro das escolas pode ser uma solução, tendo em vista que os estudante passam a maior parte do tempo nesses locais. “Não só dar a teoria, mas a prática também. Essa inclusão desde o início, com as vivências profissionais, tanto com as tecnologias, quanto em áreas da saúde, pode ser aplicada dentro do ensino fundamental e médio e é necessário para que eles tenham mais opções, não deixando só para o último ano. Isso vai facilitar com que ele tenha domínio naquilo que vai fazer, não só trazendo dinheiro, mas sendo um bom profissional”, completa a especialista.
Investimento em conhecimento foi necessário para sucesso na empresa, diz jovem
Renato Oliveira, de 22 anos, é estudante de Educação Física e trabalha como encarregado de Recursos Humanos em uma multinacional com sede em Belém. Ele foi contratado em 2022. Apesar de já ter passagens na área em outros estabelecimentos, ele afirma que conhecimento e treinamento foram fundamentais para conseguir desenvolver um bom trabalho. “Como era uma empresa nova, sistema novo e modo diferente de lidar com as pessoas, precisei aprender tudo desde o começo. Claro, algumas coisas não mudam, mas conhecimento nunca é demais”, relata.
Para ele, trocar experiências com os demais integrantes da equipe tem sido uma das melhores partes do trabalho. “Todos os procedimentos de RH, eu que estou tratando. Com isso, pude ampliar tanto a minha rede de contatos e amizade, quanto de conhecimento. Trabalho com pessoas que são de várias áreas e a gente consegue compartilhar essas coisas, consegue entender como funcionam outros processos de diferentes setores, seja de alguém da fiscalização, das compras, de segurança do trabalho. Enfim, não somente de onde eu estou”, finaliza Renato.
Fonte: O Liberal