Pará é o 4º estado do Norte com mais casos de malária

O evento reuniu especialistas, entre médicos e pesquisadores, bem como representantes de diferentes esferas da saúde, para apresentar dados referentes à malária na região amazônica e quais ações estão sendo pensadas a nível nacional e local para combater a doença. Além do secretário de saúde do Pará, estiveram presentes os representantes do Ministério da Saúde Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Alda da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis e Yago Ranniere, representante da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai).
Durante a apresentação dos dados, foi constatado que, em 2021, em virtude da pandemia de covid-19, houve um aumento sensível do número de casos de malária no país, que saiu da marca de 143.403 para 193.108, registrando também aumento de mortes – de 51 para 98. O que chama atenção no país, segundo Alda da Cruz, é a concentração de casos na Amazônia.

Alda explica que a campanha do Ministério da Saúde irá se apoiar em três pilares principais: diagnóstico precoce e tratamento de todos os casos identificados; evitar o restabelecimento da doença em áreas sem registros nos últimos três anos e investimento em controle e educação em saúde.

“Nossa meta é ter menos de 14 mil casos da doença e zerar o número de mortes até 2030. Nós já temos mais de 300 mil testes rápidos de malária prontos para serem distribuídos ao longo deste ano”.

Terras indígenas e garimpo ilegal são áreas de preocupação

O secretário de Saúde do Pará, Rômulo Rodovalho, afirmou que 96% de todos os casos de malária do Estado se concentram em apenas 10 municípios, sendo o principal deles Jacareacanga, no sudeste paraense.

“Estamos retomando diversas ações que estão sendo elaboradas pelo Ministério da Saúde, de forma macro, e depois, serão executadas junto ao Estado e aos municípios, com destaque para Jacareacanga, onde temos uma grande comunidade indígena e bastante incidência de garimpos, fatores que colaboram para a concentração da doença e onde será nosso foco para que a gente possa baixar a quantidade de casos no Estado”.

Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, localidades indígenas e territórios de garimpo se tornam mais vulneráveis à malária pela dificuldade de acesso que apresentam:

“Por isso é muito importante a distribuição de testes rápidos, que não precisam de muitos equipamentos para serem feitos em regiões mais remotas e, também, a incorporação de novos medicamentos com menor tempo de tratamento, menos efeitos adversos e que podem curar mais rápido. Para essas populações, um esquema que demanda muito deslocamento acaba sendo uma barreira para o diagnóstico e tratamento. Então, a ideia de instituir diagnóstico mais rápido e tratamento mais efetivo é para que a gente possa adentrar nessas regiões de mais difícil acesso”, explica.
O representante da Sesai, Yago Ranniere, informou que, só no ano passado, 38 mil casos de malária foram registrados nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) do país, sendo mais de 90% deles concentrados em Dseis próximos à área de garimpo e extração ilegal de madeira.

“Nós enfrentamos um desafio muito grande, porque, se são 34 Dseis, são 34 realidades diferentes, que demandam estratégias específicas e adaptadas para que a gente possa atender à população de maneira eficiente. Mas acreditamos que estamos em um momento de construção da nova Sesai e vamos fortalecer o diálogo com os Estados e Municípios para eliminar a malária do Brasil”, disse Ranniere.

Ethel Maciel adiantou que, com o lançamento da campanha, o Ministério da Saúde também se prepara para criar um grupo de trabalho específico de combate à malária, o qual deverá fazer um plano estratégico voltado especialmente para a Amazônia Legal “para preencher o vazio da vigilância e efetivar a equidade em saúde no país”, afirma.

 

Fonte: O Liberal