Após 10 dias de uma morte que gerou muitos debates em Santarém, no oeste do Pará, a Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou a morte de Líbia Tavares. O g1 conta passo a passo o que já foi apurado desde a noite do dia 21 de fevereiro, que antecedeu o crime, até a conclusão do inquérito nesta quinta (2).
As informações desta reportagem foram obtidas pelo g1 com a Polícia Civil, amigos e familiares de Líbia Tavares e a defesa de Jussara Nadiny Cardoso Paixão. Além disso, o g1 teve acesso aos vídeos que mostram a ordem cronológica dos fatos desde o encontro das “rivais” até a morte de Líbia Tavares.
Nesta reportagem você vai ver:
- Jussara x Líbia: por que jovens eram consideradas “rivais”?
- Confusão em bar
- Houve perseguição?
- Houve atropelamento?
- Como o trabalho da defesa influenciou na mudança do indiciamento?
Jussara Nadiny Cardoso Paixão foi presa em flagrante e inicialmente indiciada por homicídio doloso. Posteriormente a justiça converteu o flagrante em prisão preventiva até a conclusão do inquérito. A defesa da jovem trabalha agora para revogar a prisão para a liberdade provisória com medidas cautelares.
Jussara Nadiny Cardoso Paixão está presa preventivamente e vai responder por lesão corporal seguido de morte e embriaguez ao volante.
Jussara x Líbia: por que jovens eram consideradas “rivais”?
De acordo com informações da polícia apuradas com testemunhas, Jussara Paixão estaria se relacionando com um jovem que era ex-namorado de Líbia.
O rapaz prestou depoimento à polícia e confirmou que namorou com Líbia e após o término do relacionamento com ela, ficavam esporadicamente. O jovem também disse que ficou uma única vez com Jussara, mas na ocasião não tinha mais nada com a Líbia.
O envolvimento de Jussara com o ex-namorado de Líbia seria o motivo pelo qual as jovens eram consideradas rivais, o que resultou em uma confusão entre elas na noite de carnaval, dia 21 de fevereiro.
Confusão em bar
Testemunhas também disseram à polícia que as jovens se encontram em um bar, na noite de carnaval. Líbia estava com a irmã e Jussara com o ex-namorado de Líbia, o que teria provocado um desentendimento entre as jovens.
Uma testemunha contou à polícia que a irmã de Líbia jogou cerveja em Jussara. Na saída do bar, Jussara também jogou bebida nas jovens e saiu do local para deixar o jovem apontado como pivô da confusão, em casa.
Houve perseguição?
Líbia Tavares aparece sobre o capô e agarrada ao teto do carro dirigido por Jussara Nadiny — Foto: Reprodução
Inicialmente amigos e familiares de Líbia Tavares informaram à polícia que Jussara estava seguindo a vítima do acidente.
Porém, segundo o depoimento de outra testemunha à polícia, Jussara estava sozinha no carro quando percebeu que estava sendo seguida por outro veículo. Ela então ligou para o ex-namorado de Líbia informando que estava sendo seguida e recebeu a orientação para que ela seguisse direto para casa.
Imagens obtidas pela defesa de Jussara, e cedidas ao g1, mostram o momento em que os dois carros “se encontram” na avenida Sérgio Henn, próximo ao Hospital Regional. O veículo conduzido por Jussara estava na frente do veículo onde Líbia estava com a irmã e outros amigos.
Houve atropelamento?
Ainda segundo a polícia, as primeiras informações obtidas por testemunhas eram de que Jussara teria arrastado Líbia no capô do veículo e posteriormente atropelado a vítima.
A defesa de Jussara contesta essa dinâmica por meio dos vídeos apresentados no inquérito policial. Nas imagens é possível ver Líbia subindo no veículo e tentando agredir Jussara, que acelera o carro levando a jovem por alguns metros praticamente no teto do carro.
Ainda nas imagens é possível ver o momento em que Jussara freia e Líbia cai, batendo a cabeça, o que teria provocado a sua morte. (veja o vídeo abaixo).
Como o trabalho da defesa influenciou na mudança do indiciamento?
Para que o inquérito fosse concluído com a mudança do indiciamento, o trabalho da defesa da suspeita foi crucial no caso. Ela é representada pelo advogado Amil Oliveira, do escritório Oliveira, Moura e Nascimento Sociedade de Advogados.
Ter obtido os vídeos do percurso feito pelas jovens foi determinante para que a defesa pudesse sustentar as alegações de que Jussara não perseguiu Líbia, não a atropelou e que não tinha a intenção de matá-la.
Ao g1, o advogado Amil Oliveira contou que o próximopassos é pedir a revogação da prisão de Jussara.
“Nós vamos ingressar com pedido de revogação, para requerer medidas cautelares para Jussara”, informou o advogado Amil Oliveira.
Fonte: G1 Santarém