Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) entraram em paralisação em defesa de melhores condições de trabalho. Dados atualizados mostram que, em todo o país, são 868 servidores paralisando atividades de fiscalização e 419 pedidos de exoneração.
A mobilização da categoria, organizada através da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema-Nacional), envolve paralisação das atividades, fechamento dos parques nacionais, entrega de cargos de chefia, e atos públicos em todo o país.
A crise com os servidores acontece em meio a uma política internacional do Governo Federal de defesa da Amazônia, e ao aumento da devastação do Cerrado.
Ao Jornal Opção, o presidente da Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente em Goiás (Asibama-GO), Leo Caetano, reforçou o descontentamento da categoria com o tratamento recebido do governo federal nos últimos anos. “Somos muito poucos, trabalhando muito, entregamos a redução do desmatamento e ganhamos bem menos que a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) , por exemplo”, compartilhou.
No ICMBio, dos 902 fiscais registrados, 333 aderiram à paralisação, enquanto foram registrados 159 pedidos de exoneração. No Ibama, dos 804 fiscais do Instituto, 535 aderiram à mobilização, além das 260 exonerações solicitadas. O déficit atual da carreira é de mais de 4000 vagas.
Caetano explica que a luta da categoria não é apenas por melhores salários, mas por uma reestruturação de carreira que a torne mais atraente e estável. “25% das pessoas que entraram no concurso de 2022 já deixaram seus cargos por algo melhor”, contou ao mencionar a dificuldade em preencher vagas. Falando do concurso do Ibama, o presidente da entidade sindical exemplificou: “Tínhamos 10 vagas, preenchemos 8 e chamamos mais de 20 pessoas. Ninguém quer assumir”.
Histórico de desvalorização
“Os servidores do meio ambiente enfrentam problemas sérios após 10 anos de abandono pelo Governo Federal”, afirmaram os servidores em nota. No texto, são abordados temas como baixos salários e a evasão de servidores. “Os servidores acumulam uma perda de poder de compra que ultrapassa 75% nos últimos 10 anos”, explicam.
A categoria, que está em negociação com o Executivo Federal desde outubro de 2023, luta por melhorias na Carreira de Especialista em Meio Ambiente (CEMA) e no Plano Especial de Cargos do Ministério do Meio Ambiente (PECMA).
“Nosso trabalho é fundamental para a preservação do meio ambiente e para o futuro do país. Precisamos ser valorizados e reconhecidos,” afirmou o presidente da ASCEMA Nacional, Cleberson Zavaski.
Caetano conta que a mobilização continuará, e lamenta que, apesar do discurso ambiental que foi bandeira de campanha de Lula, “não percebemos, na prática, a valorização do setor ambiental pelo Governo Federal”.
Fonte: Jornal Opção